Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso,
pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1ª
Jo 4.20)
Uma experiência particular
Certa ocasião, muito
antes de entregar minha vida a Jesus, ainda trabalhando como repórter policial
na região de Guarulhos e Arujá, regiões metropolitanas de São Paulo, deparei-me
com um jovem de aproximadamente 16 anos. Ele havia sido baleado, provavelmente
algumas horas antes da minha chegada àquela pauta
Naquele momento
deixei um pouco de lado o profissionalismo jornalístico e tomado pela emoção, resolvi
ajudar aquele jovem. Larguei então a máquina fotográfica, o “caderno de
anotações”, e do meu jeito, tentei dar a ele algum alento em relação ao momento
terrível e de dor que estava passando.
Neste mesmo tempo,
um amigo de muitos anos e parceiro fotógrafo me disse: “Está dando uma de
bom samaritano?”.
Àquela época, muito
antes de me converter, eu jamais imaginaria estar vivendo uma versão
contemporânea da história contada por Jesus a um mestre da Lei.
Uma parábola atual
De fato, esta é uma das
parábolas de maior expressividade e popularidade até os dias atuais, provavelmente
porque, assim como tudo o que Jesus faz, ela está envolta em um significado muito
importante para todos.
Para dar seguimento a
este devocional, sugere-se a leitura atenciosa do texto bíblico a seguir.
Lucas 10.25-37
A parábola do bom samaritano.
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se
para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para
herdar a vida eterna?” 26 “O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como
você a lê?” 26 Ele respondeu: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração,
de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e Ame
o seu próximo como a si mesmo. 28 Disse Jesus: “Você respondeu corretamente.
Faça isso, e viverá”. 28 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E
quem é o meu próximo?” 30 Em resposta, disse Jesus: “Um homem descia de
Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram
as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. 31 Aconteceu estar
descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro
lado. 32 E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo
outro lado. 33 Mas um samaritano, estando de viagem chegou onde se encontrava o
homem e, quando o viu, teve piedade
dele. 34 Aproximou-se , enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo.
Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e
cuidou dele. 35 No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse:
“Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver”. 36
“Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos
assaltantes? 37 “Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei.
Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.
Quando estendemos os
olhos com atenção ao mestre da lei, ao sacerdote, ao levita e o samaritano percebemos
nítidos retratos capazes de representar situações absolutamente contemporâneas
aos dias atuais.
O mestre
O mestre da lei
representa os estudiosos. Eles sabem o
que Deus quer delas, conhecem as escrituras, porém ficam somente na teoria. Não
praticam o que aprenderam, contentam-se consigo mesmos dentro dos seus entendimentos
não externados, e assim estão constantemente sujeitos a contradições
interiores, sociais e espirituais, refletindo uma intepretação tendenciosa das
Escrituras.
O sacerdote
O sacerdote é o
líder religioso. E quantos temos atualmente tal e qual nesta parábola, os quais,
achando-se importantes em excesso, acabam sendo prisioneiros do seu orgulho, tornando
vítimas todos à sua volta.
Atualmente vive-se
uma crise eclesiástica digna de uma nova reforma. Certamente se Martinho Luthero
olhasse para a generalidade da igreja evangélica atual, teria a clara visão de
que a próxima reforma a ser feita deverá ser exatamente dentro da igreja
protestante.
O levita
O levita, representa
as pessoas para quem parece ser suficiente seguir formalidades religiosas,
trabalhar na igreja de uma forma ou de outra, frequentá-la e observar algumas poucas
regras práticas. Vale lembrar, levitas não sãos as pessoas encarregadas de louvar
na igreja. Isto, na realidade é um erro exegético criado há muitos anos, de
onde se compreendeu chamar cantores e instrumentistas de levitas.
Levitas biblicamente
são as pessoas envolvidas em todo tipo de obra ministerial. Os levitas carregam
a igreja atual nas costas, assim como carregavam a Arca da Aliança.
Estas pessoas
encontram dificuldades pelo fato de estarem envolvidos na obra, “mas na obra apenas”,
quando na realidade, Deus pede para envolverem-se com pessoas.
Jesus deu ordens
para “amar o próximo”, “perdoar pessoas”. Nunca disse para amar coisas,
bastando para tal lembrar de quando Ele conversa com o jovem rico e lhe diz em Mateus
19.21 – Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois venha e siga-me.
Pode até parecer
estranho, ler algo neste sentido, em especial se você, leitor de Palavra e
Mensagem, é um obreiro (levita), mas compreenda o seguinte: Por vezes o obreiro
não percebe que ao longo do tempo se tornou escravo do prédio e
não servo de pessoas.
O tempo passa, as
obrigações vêm e aos poucos as pessoas vão sendo colocadas de lado em prol de “arrumar,
reformar, aumentar, enfeitar a casa”.
Nisto, ao passar
pelo doente, sequer são vistos, dado o grande número de situações e problemas a
serem resolvidos além de pessoas.
O amor do
samaritano
O samaritano é
aquele que nos surpreende. Ele não pensa, faz. Não precisa de cargo, e sim de
atitude, não se preocupa com consequências e sim com resultados.
Ele é a prova verdadeira
de um padrão de amor sublime, que tudo vê, mas também tudo sofre,
e exatamente por sentir a dor do outro não mede custos materiais para investir
em uma alma. Ele é capaz de fazer sem ser visto, doar sem colocar
foto nas redes sociais, e abençoar mesmo sem ter uma perspectiva de
qual será o seu “prejuízo”. Foi por isto que ele disse: “Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei
todas as despesas que você tiver.
O samaritano mostra
a pequenez da religião e a grandeza do amor de Cristo, que quando contamina os
seus filhos é capaz de fazer milagres e maravilhas, sem a necessidade de estar
ligado a um cargo.
Aliás, esta é uma
grande lição: Ser samaritano é não ter cargo, mas compreender o encargo
do amor de Cristo sobre toda a criação e sem exceção.
A imanência de Deus
em tudo e em todos, segundo a teologia, faz compreender ser possível a todos conhecerem
a essência de Deus, mesmo sem conhecer a história de Deus. Ou seja: Pessoas não
acostumadas à leitura da bíblia, por vezes fazem muito mais do que leitores
assíduos.
Isto porque inexplicavelmente
elas estão repletas de algo soberano, uma faísca de Espírito, capaz de
elevá-las a um plano superior e divino de caridade, amor e graça.
Deus não ensina religião,
nem cria padrões de religiosidade. Ele conclama seus filhos ao amor cristocêntrico
e gera nestes filhos a capacidade de entender e exercer este amor sublime. Veja
se não é esta a afirmação do Apóstolo Paulo ao dizer em Efesio 3.16-18 – “Oro
para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser
com poder, por meio do seu Espírito, 17 para que Cristo habite no
coração de vocês mediante a fé; oro para que, estando arraigados e alicerçados
em amor, 18 vocês possam, juntamente com todos os santos,
compreender, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, 19
e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para
que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus.
O samaritano não olhou “cara”, também não olhou “coração”, ele olhou vida.
Você já percebeu como muitas vezes cristãos “de carreira” se afastam de
pessoas, pela cara e pelo coração delas? Pois bem, amar a todos sem exceção não
é se trata de religião e sim de cristocentrismo absoluto.
Não foram os mestres, sacerdotes ou levitas a nos ensinar e sim um homem
de fora, tal e qual como se víssemos, nos dias atuais, pessoas de outras
religiões em atitudes muito mais próximas as de Jesus do que as dos próprios cristãos.
Menos religiosidade,
mais atitude cristã
Para ter este “samaritano”
dentro de você, é necessário antes permitir-se receber o amor de Deus,
compreendendo-o como uma via de mão dupla, entendendo que amor não é apenas e
tão somente um sentimento, mas é também uma atitude.
Tome uma atitude
agora! Quebre os seus dogmas religiosos e parta para a luta! Trabalhe por
pessoas e não por prédios, por vidas e não por números. Certamente o mundo será
melhor com você e por você a partir deste novo ponto de vista.
Pr. Altamir de Souza
Na visão de multidões.
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