Senhor, o meu coração
não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas
grandiosas nem maravilhosas demais para mim (Sl131.1)
O orgulho se revela como uma das principais estratégias do maligno para
adentrar na alma do Cristão e tem causado, ao longo dos milênios, muitos
prejuízos para famílias, ministérios e pessoas.
Na língua portuguesa o termo pode ser utilizado tanto no sentido
favorável, em relação ao caráter de alguém, como também negativo. É possível ao
mesmo indivíduo, sentir-se orgulhoso por um determinado ato, relativo a ele, ou
ainda dos outros para com ele, sem que isto represente uma situação negativa.
Por outra via, o orgulho pode ser um sentimento insuflado no coração de alguém,
de onde se extrai uma característica de superioridade em relação aos outros.
Neste sentido, toda pessoa disposta a supervalorizar os seus feitos, a sua
aparência ou as suas posses, demonstra um padrão de orgulho pernicioso, sendo este
o sentido em que trataremos neste devocional.
A Sagrada Escritura condena veementemente o orgulho dizendo “a soberba
precede a ruina, e a altivez do espírito precede a queda (Provérbios
16.18), e como se não bastasse, os olhos altivos representando este
sentimento, aparecem entre as sete coisas abominadas pelo Eterno, conforme
observamos em Provérbios 6.16-19.
Observando-se as questões ministeriais, este sentimento tem feito
proliferar denominações das mais diversas tendências, muitas sem estrutura organizacional,
psicológica ou nem mesmo espiritual, refletindo-se na formação de organizações
sem líderes realmente consagrados, ou ainda, sem motivos justificáveis diante
do evangelho. Assim, pessoas desejosas apenas em exaltarem-se, constroem
verdadeiros castelos de areia, onde muitos incautos afundam os seus pés,
passando por graves prejuízos nas mais diversas áreas, quer sejam eles
materiais ou imateriais.
O orgulhoso possui características muito peculiares em relação aos seus
próximos. Em geral eles são incapazes de ouvir, e por consequência aprender, isto
pelo fato de possuírem uma visão assoberbada em relação à sua particularidade. Além
disso têm uma necessidade extrema de demonstrar (ostentar) cargos e bens, na
maioria das vezes adquiridos diante de um esforço sobre humano e desproporcional
às suas próprias capacidades, e em especial, são inacessíveis! Ledo engano aos
inexperientes é achar difícil aconselhar uma pessoa raivosa. Difícil mesmo é adentrar
às portas da alma do orgulhoso, exatamente porque ele tem ciência do que se
encontrará no seu coração quando estas portas forem abertas.
Para dar sequência a este devocional semanal, sugerimos a leitura do
texto das Sagradas Escrituras a seguir:
1ª
João 2.15-17
Não
se deve amar o mundo.
15
Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele. 16 Pois tudo o que á no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos
olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. 17 O mundo e a
sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
Não
se deixe dominar pelo orgulho
Aquele que não deseja ser classificado como orgulhoso, e por consequência,
sofrer as duras consequências desta atitude precisa saber antes de tudo quem é, para si, para os
outros e para Deus, assumindo as suas características, em todos estes sentidos,
como sentença ou motivação para mudar. O orgulhoso, incapaz destas atitudes,
vive uma falsa vida, tendo a necessidade de ostentar condições, status e
posições distantes das suas capacidades físicas, emocionais e espirituais
gerando sofrimento para a sua vida e para todos à sua volta.
Em uma análise mais
profunda, pessoas orgulhosas necessitam de uma dose extra de energias para
superar os seus próprios obstáculos, exatamente pelo fato de travarem uma luta
diária contra o seu grande inimigo, a saber; elas mesmas. Imagine dizer todos
os dias: “Eu preciso fingir ser quem não sou”, ou ainda, “eu preciso ostentar
algo que não tenho”.
Quando o autor do
versículo em destaque diz: “Não amem o mundo nem tudo que nele há”, observa-se
que entendeu exatamente esta verdade, e a partir disto nos ensinou a viver das
bênçãos entregues por Deus a cada um dos seus filhos, conforme a medida da sua
capacidade, sem buscar mais do mundo, ou seja, sem dar “passos maiores do que
as pernas”.
Ter
planos não é ser orgulhoso, planeje!
Existe diferença entre “amar o mundo” e “buscar qualidade de vida no
mundo”. As Sagradas Escrituras, em suas passagens mais conhecidas, apontam para
os filhos de Deus como seres dignos de alegria. Aliás, se trouxermos a
transliteração da palavra “filho” do texto hebraico, encontraremos os signos
“bet (casa)” + “num (alegria)”, e chegaremos ao significado: “Alegria da Casa”.
Exatamente por isto o Eterno disse aos seus filhos: “Vocês são o sal da
terra..., vocês são a luz do mundo (Mateus 5.13-14), assim
como Ele recompensou os filhos obedientes dizendo “Se vocês estiverem
dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra (Isaias
1.19)”.
Desta forma
aprendemos que a busca por qualidade de vida e evolução pessoal tanto na área
pessoal como espiritual, não demonstra o orgulho de forma negativa. Aos filhos de Deus é permitido, e até mesmo
necessário, crescer, melhorar, vencer obstáculos, alcançar objetivos e
conquistar vitórias ao longo da vida. Compreendemos então que Deus deseja ver
seus filhos crescerem fisicamente, espiritualmente, emocionalmente, socialmente
e até mesmo financeiramente, afinal de contas, uma vida cristã bem sucedida
além de ser fonte de bênçãos a todos à sua volta, também se revelará como uma
forma de exaltar o nome do Eterno de uma forma pura, longe do crescimento
forjado por recursos contrários à sua Palavra.
Humildade não
significa pobreza, afinal de contas um homem rico pode ser humilde na mesma
proporção em que um homem pobre pode ser orgulhoso. A humildade está
relacionada ao que somos e não ao que temos. Feliz é o humilde, pois sabe
exatamente onde encontrar a paz, pois como bem disse Agostinho de Hipona: “O
orgulho não é grandeza, é inchaço. O inchaço é grande, mas não é saudável”.
Não
se preocupe demais, não corra “de menos”.
Ninguém é obrigado a
alcançar conquistas insanas, construir fortunas desnecessárias, nem bater
recordes demasiados “Pois tudo o que á no mundo, a cobiça da carne, a
cobiça dos olhos e a ostentação dos bens não provém do Pai, mas do mundo”. Da mesma forma
“O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece
para sempre” (1a. João 2.16-17).
Lute pelos seus
objetivos, porém não se torne escravo de uma desastrosa e amarga “corrida do
ouro”, onde tudo gire apenas em torno de você mesmo. Lembre-se: Tudo o
que nos obriga, mas não amamos em Cristo é escravidão! Atitudes neste
nível não geram nada além de orgulho.
Deus tem um plano
para a sua vida. Ele abençoa o ser humano humilde porque este sabe preservar o
que realmente tem valor. O humilde preserva os bens mais valiosos da
humanidade. “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o
que vocês têm, porque Deus mesmo disse – Nunca o deixarei, numa abandonarei”
(Hebreus 13.5)
Deus está criando
uma geração de adoradores preparados para transformar a humanidade. Você faz
parte disto. Não se deixe levar pelo orgulho, que tem tomado o coração de
muitos homens e mulheres “de Deus”. Quanto mais você se humilhar na presença
dEle, mais Ele o exaltará na presença dos outros. Certamente o Senhor olhará
para você e dirá: “Reparou no meu servo...? Não há ninguém na terra como
ele, irrepreensível, íntegro, homem (mulher) que teme a Deus e evita o mal (Jó
1.8)”.
A recompensa de Deus
pela sua humildade terá sempre um padrão multiplicador em relação as suas
expectativas. Desta forma, se esperamos algo em termos de sucesso, diante de um
padrão de existência e comportamento humilde, obteremos uma recompensa,
proporcionalmente maior. Exatamente por isto as Escrituras nos ensinam dizendo:
“Deem e será dado a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante
será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.
Feliz é o homem humilde. Seja
feliz!
Pr. Altamir
de Souza
Na visão de
multidões.