sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Amar o próximo e os seus significados



Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1ª Jo 4.20)


Uma experiência particular
Certa ocasião, muito antes de entregar minha vida a Jesus, ainda trabalhando como repórter policial na região de Guarulhos e Arujá, regiões metropolitanas de São Paulo, deparei-me com um jovem de aproximadamente 16 anos. Ele havia sido baleado, provavelmente algumas horas antes da minha chegada àquela pauta

Naquele momento deixei um pouco de lado o profissionalismo jornalístico e tomado pela emoção, resolvi ajudar aquele jovem. Larguei então a máquina fotográfica, o “caderno de anotações”, e do meu jeito, tentei dar a ele algum alento em relação ao momento terrível e de dor que estava passando.

Neste mesmo tempo, um amigo de muitos anos e parceiro fotógrafo me disse: “Está dando uma de bom samaritano?”.


Àquela época, muito antes de me converter, eu jamais imaginaria estar vivendo uma versão contemporânea da história contada por Jesus a um mestre da Lei.

Uma parábola atual
De fato, esta é uma das parábolas de maior expressividade e popularidade até os dias atuais, provavelmente porque, assim como tudo o que Jesus faz, ela está envolta em um significado muito importante para todos.

Para dar seguimento a este devocional, sugere-se a leitura atenciosa do texto bíblico a seguir.

Lucas 10.25-37

A parábola do bom samaritano.

Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?” 26 “O que está escrito na Lei?”, respondeu Jesus. “Como você a lê?” 26 Ele respondeu: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e Ame o seu próximo como a si mesmo. 28 Disse Jesus: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá”. 28 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Em resposta, disse Jesus: “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. 31 Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. 32 E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, estando de viagem chegou onde se encontrava o homem  e, quando o viu, teve piedade dele. 34 Aproximou-se , enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. 35 No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: “Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver”. 36 “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? 37 “Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.

Quando estendemos os olhos com atenção ao mestre da lei, ao sacerdote, ao levita e o samaritano percebemos nítidos retratos capazes de representar situações absolutamente contemporâneas aos dias atuais.

O mestre
O mestre da lei representa os estudiosos.  Eles sabem o que Deus quer delas, conhecem as escrituras, porém ficam somente na teoria. Não praticam o que aprenderam, contentam-se consigo mesmos dentro dos seus entendimentos não externados, e assim estão constantemente sujeitos a contradições interiores, sociais e espirituais, refletindo uma intepretação tendenciosa das Escrituras.

O sacerdote
O sacerdote é o líder religioso. E quantos temos atualmente tal e qual nesta parábola, os quais, achando-se importantes em excesso, acabam sendo prisioneiros do seu orgulho, tornando vítimas todos à sua volta.

Atualmente vive-se uma crise eclesiástica digna de uma nova reforma. Certamente se Martinho Luthero olhasse para a generalidade da igreja evangélica atual, teria a clara visão de que a próxima reforma a ser feita deverá ser exatamente dentro da igreja protestante.

O levita
O levita, representa as pessoas para quem parece ser suficiente seguir formalidades religiosas, trabalhar na igreja de uma forma ou de outra, frequentá-la e observar algumas poucas regras práticas. Vale lembrar, levitas não sãos as pessoas encarregadas de louvar na igreja. Isto, na realidade é um erro exegético criado há muitos anos, de onde se compreendeu chamar cantores e instrumentistas de levitas.

Levitas biblicamente são as pessoas envolvidas em todo tipo de obra ministerial. Os levitas carregam a igreja atual nas costas, assim como carregavam a Arca da Aliança.

Estas pessoas encontram dificuldades pelo fato de estarem envolvidos na obra, “mas na obra apenas”, quando na realidade, Deus pede para envolverem-se com pessoas.

Jesus deu ordens para “amar o próximo”, “perdoar pessoas”. Nunca disse para amar coisas, bastando para tal lembrar de quando Ele conversa com o jovem rico e lhe diz em Mateus 19.21 – Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois venha e siga-me.

Pode até parecer estranho, ler algo neste sentido, em especial se você, leitor de Palavra e Mensagem, é um obreiro (levita), mas compreenda o seguinte: Por vezes o obreiro não percebe que ao longo do tempo se tornou escravo do prédio e não servo de pessoas.

O tempo passa, as obrigações vêm e aos poucos as pessoas vão sendo colocadas de lado em prol de “arrumar, reformar, aumentar, enfeitar a casa”.

Nisto, ao passar pelo doente, sequer são vistos, dado o grande número de situações e problemas a serem resolvidos além de pessoas.

O amor do samaritano
O samaritano é aquele que nos surpreende. Ele não pensa, faz. Não precisa de cargo, e sim de atitude, não se preocupa com consequências e sim com resultados.

Ele é a prova verdadeira de um padrão de amor sublime, que tudo vê, mas também tudo sofre, e exatamente por sentir a dor do outro não mede custos materiais para investir em uma alma. Ele é capaz de fazer sem ser visto, doar sem colocar foto nas redes sociais, e abençoar mesmo sem ter uma perspectiva de qual será o seu “prejuízo”. Foi por isto que ele disse: “Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver.

O samaritano mostra a pequenez da religião e a grandeza do amor de Cristo, que quando contamina os seus filhos é capaz de fazer milagres e maravilhas, sem a necessidade de estar ligado a um cargo.

Aliás, esta é uma grande lição: Ser samaritano é não ter cargo, mas compreender o encargo do amor de Cristo sobre toda a criação e sem exceção.

A imanência de Deus em tudo e em todos, segundo a teologia, faz compreender ser possível a todos conhecerem a essência de Deus, mesmo sem conhecer a história de Deus. Ou seja: Pessoas não acostumadas à leitura da bíblia, por vezes fazem muito mais do que leitores assíduos.

Isto porque inexplicavelmente elas estão repletas de algo soberano, uma faísca de Espírito, capaz de elevá-las a um plano superior e divino de caridade, amor e graça.

Deus não ensina religião, nem cria padrões de religiosidade. Ele conclama seus filhos ao amor cristocêntrico e gera nestes filhos a capacidade de entender e exercer este amor sublime. Veja se não é esta a afirmação do Apóstolo Paulo ao dizer em Efesio 3.16-18 – “Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, 17 para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé; oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, 18 vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, 19 e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus.

O samaritano não olhou “cara”, também não olhou “coração”, ele olhou vida.

Você já percebeu como muitas vezes cristãos “de carreira” se afastam de pessoas, pela cara e pelo coração delas? Pois bem, amar a todos sem exceção não é se trata de religião e sim de cristocentrismo absoluto.

Não foram os mestres, sacerdotes ou levitas a nos ensinar e sim um homem de fora, tal e qual como se víssemos, nos dias atuais, pessoas de outras religiões em atitudes muito mais próximas as de Jesus do que as dos próprios cristãos.

Menos religiosidade, mais atitude cristã
Para ter este “samaritano” dentro de você, é necessário antes permitir-se receber o amor de Deus, compreendendo-o como uma via de mão dupla, entendendo que amor não é apenas e tão somente um sentimento, mas é também uma atitude.

Tome uma atitude agora! Quebre os seus dogmas religiosos e parta para a luta! Trabalhe por pessoas e não por prédios, por vidas e não por números. Certamente o mundo será melhor com você e por você a partir deste novo ponto de vista.

Pr. Altamir de Souza
Na visão de multidões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! Obrigado por ler e compartilhar as mensagens de Palavra & Mensagem. Espaço aberto para conhecer mais da palavra de Deus de forma isonômica e educada. Deus te abençoe