quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Enfrentando os nossos fantasmas


Pedro reflete características absolutamente humanas, parecidas com as nossas atualmente. Ele possuía qualidades maravilhosas, outras nem tanto. Era corajoso em determinados momentos e em outros, mostrava-se inseguro, ao mesmo tempo a sua certeza em relação às coisas espirituais ora estavam no mais alto patamar, ora abaixo do aceitável para alguém tão privilegiado como ele.
Antes de prosseguirmos à leitura deste estudo online sugerimos a leitura do texto bíblico escrito em Mateus 14.22-31 – Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão. 23 Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho, 24 mas o barco já estava a considerável distância da terra, fustigado pelas ondas, porque o vento soprava contra ele. 25 Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar. 26. Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: É um fantasma!” E gritaram de medo. 27 Mas Jesus imediatamente lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo!” 28 – “Senhor”, disse Pedro, “se és tu, manda-me ir ao teu encontro sobre as águas”. 29 “Venha, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre as águas e foi na direção de Jesus. 30 Mas quando reparou no vento ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”. 31 Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: “Homem de pequena fé, por que você duvidou?”
Em Mateus 14.26, quando os discípulos de Jesus o viram andando por sobre as águas, ficaram literalmente aterrorizados e aos berros disseram: É um fantasma! Perceba, assim como Pedro nós também somos volúveis em nosso posicionamento. Por vezes o nosso nível de confiança varia como na vida de Pedro e passamos a viver Mateus 14:26. Nos deixamos confundir pela ocasião, cegos pelas surpresas do dia a dia e passamos a materializar verdadeiros “fantasmas” em nossa vida.
Claro que fantasmas como se diz por aí não existem. Estes fantasmas aos quais se referem as pessoas, distantes da palavra de Deus, são espíritos opressores ou possessores que afligem pessoas cujo nível de fé se encontra fora dos padrões exigidos por Deus para que possa utilizá-los de maneira eficiente.
O fantasma do qual falamos é apenas uma forma de descrever a aflição gerada pelos “grandes problemas” em nossa vida: Problemas financeiros, emocionais, de saúde, sentimentais e até espirituais. Em outras palavras; escuridão, águas revoltas, tempestades e até distância (ou silêncio) de Deus em relação a nós.
A questão que surge nestes momentos é exatamente como enfrentar estes “fantasmas surgidos ao longo da vida, como vencê-los e como impedir os resultados negativos da nãos superação dos traumas causados por eles.
A resposta para estas situações passa pelo crivo da sinceridade e da compreensão da nossa existência como seres humanos e espirituais. Mais do que a convicção de um estado permanente de vitórias e do sentimento consequente, é necessário compreender que o cristão passa por dificuldades, provas, comete erros, entre outras situações dificultosas, sendo absolutamente necessário compreender estas situações todas como parte do processo de aprendizado, da evolução humana e espiritual na vida do Cristão.
 Não se incrimine, não se destrua, nem deixe sua fé morrer por causa destes “fantasmas”, afinal, como já dissemos, FANTASMAS NÃO EXISTEM! Nós os materializamos quando fitamos os olhos e a atenção nos problemas. Desta forma eles se colocam entre nós e Deus fazendo uma tremenda confusão!
 No versículo 24 temos três fatores importantes para a compreensão deste tema tão importante:
1.) O barco já estava a considerável distância da terra – A terra aqui é Jesus! Quando estamos longe de Deus ficamos sujeitos as marés do inimigo também impedidos de sentir a proteção do Pai. 
2.) O barco estava sendo fustigado pelas ondas – Ora! Estamos falando de homens experientes em navegação, eram pescadores e conheciam o mar da Galiléia, tanto que Jesus insistiu para eles atravessarem. Isto mostra que quando estamos longe de Deus, as nossas experiências humanas não valem nada.
3.) O vento soprava contra o barco – Perceba algo: O barco era fustigado pelas ondas, porém o problema não estava diretamente ligado àquelas ondas, e sim ao vento, gerando o mar revolto e as ondas. Isto, traduzido para a nossa realidade, demonstra que muitas vezes estamos vendo claramente o problema, podemos até tocá-lo, ou no caso dos discípulos ser encharcados por ele, mas a causa do problema nem sempre é visível, e nem sempre podemos tocá-las. Isto naturalmente nos faz ficar focados no problema (palpáveis) e não na causa do problema (invisível).
 No versículo 22 de Mateus 14, Jesus manda seus discípulos entrarem no barco e atravessarem para o outro lado. Mas afinal, se estava de noite, haviam fortes ventos, o mar estava  bravio, por que Jesus permitiu que eles fossem? – Jesus precisava fazer seus discípulos irem além do entendimento e da fé que possuíam. A fé não podia ser limitada e conhecendo seus discípulos ele viu limite na fé de alguns. Para muitos irmãos é muito simples permanecerem onde estão. Não produzem mais por comodismo, não constroem mais por falta de fé.
Jesus estava utilizando a “escuridão”, “as águas revoltas”, “a tempestade” e até mesmo “a sua distância”, para mostrar aos seus discípulos a necessidade de exercitar o poder da fé.
Já no versículo 25 vemos o Senhor dirigindo-se a eles, andando sobre o mar. Simbolicamente Jesus estava andando calmamente em cima do “problema” ou se me permitem “do fantasma” que assombrava os seus discípulos.  Isto mostra o poder soberano de Deus sobre os problemas que afligem a nossa vida.
Romanos 16:20 diz – “Em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês” e isto ratifica a soberania de Cristo em relação a todas as nossas dificuldades.
“Deus não queria um ‘Pedrão’ limitado na sua fé e certamente não quer ver você limitado nas suas atitudes, nos seus pensamentos e nos seus atos de coragem”.
Comece a enxergar além das tempestades, levante-se e tome posse da unção poderosa existente em você para andar sobre as águas, por cima dos problemas, e colocar satanás sob a sola dos seus pés.
Deus não colocou você no barco para vê-lo sentado e apavorado, ele o fez para vê-lo levantar-se confiante na sua presença nos momentos de dificuldade. Não se preocupe com o mar agitado, o Deus invisível está pronto para segurar a sua mão, levantá-lo e fazê-lo chegar em terra firme.
Foi para isto que Ele veio, “para fazer cumprir!” e você é filho de um Deus altíssimo para o qual não há limites. Se você crer a posse do milagre será habilitada em você. ANDE SOBRE AS ÁGUAS! Mesmo tendo a breve sensação de não ver Jesus no barco, ele continua sendo Jesus. Jeremias 23:23 – “Sou apenas um Deus de perto” pergunta o Senhor, “e não também um Deus de longe?

Pr. Altamir de Souza
Na visão de multidões.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

PARA ONDE OLHAR


Tanto a psicanálise quanto a psicologia demonstram uma forte interferência do olhar sobre os nossos sentimentos, decisões e consequentemente sobre os resultados obtidos ao longo de uma vida. Os olhos fazem parte das “portas da alma” as quais se completam em torno dos cinco sentidos, recebendo-se por meio delas todos os estímulos capazes de levar uma pessoa ao mais alto nível de satisfação, ou aos seus mais pesarosos níveis de depressão, entre outros sentimentos diversos da alma.



Quando se aprende a olhar para o lugar certo, em qualquer um dos momentos da existência humana, quer seja este momento bom ou ruim, a possibilidade de um final feliz e da obtenção de grandes vitórias ao longo da vida, será sempre grande.

A questão que surge então é: Para onde olhar? Em qual direção deve-se focar os olhos nos momentos de felicidade, de realização pessoal, para onde olhar quando as coisas não vão bem, quando se está passando pelo dia mal de efésios 6.13?

Como texto base para este estudo, observe o texto escrito em Provérbios 4.25-26 onde se lê o seguinte: “Olhe sempre para frente, mantenha o olhar fixo no que está adiante de você. 26 Veja bem por onde anda, e os seus passos serão seguros. 

Em geral ao falar de sabedoria reportamo-nos aos escritos de Salomão, e exatamente neste contexto, encontram-se nos seus provérbios uma fonte inesgotável com grandes segredos, importantes de serem desvendados para uma vida saudável diante de Deus e do ambiente social no qual se está inserido.

A relação entre o ego e a depressão

Os sentimentos contrários, indiferente de parecerem absolutamente distantes um do outro, de fato, estão ligados. Para dar-se forma a esta afirmativa imagine, por exemplo o amor e o ódio, tão explorados nas dissertações platônicas por volta do ano 400 a.C. e fonte de longas e calorosas redações do apóstolo Paulo, como a descrita em 1a. Coríntios 13 de onde aprendemos: “Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine”.



Amor e ódio, indiferente o fato de parecerem absolutamente distantes um do outro são apenas antagônicos, entretanto estão intimamente ligados. Neste caso, os dois sentimentos não se encontram distantes um do outro, mas se comparados a pessoas, seria como se estivessem um com as costas colados a do outro, em uma luta constante para saber qual dos dois consegue empurrar com mais força impondo sobre o outro as razões do seu sentimento.


Da mesma forma, ao falar sobre a depressão e o ego, encontrar-se-á situação semelhante. Embora um sentimento pareça estar muito distante do outro, eles estão intimamente ligados a um ponto inicial, indicando origens e manifestações semelhantes no campo psicossomático, e no qual todos passam em um determinado ponto da sua vida.

A palavra ego descende do latim  significa basicamente “eu”, com a derivante illud com o significado de ele, referindo-se ao ego em segunda pessoa, ou alter-ego. Neste entendimento a palavra remonta o sentimento intimo do ser, que em determinados momentos pode variar para uma personalidade diferente da apresentada comumente, revelando-se, portanto, como uma das patologias estudadas no campo da psique humana, quer seja na visão mais aberta da psicanálise ou ainda na psicologia.

Pessoas egocêntricas são focadas no seu “eu” particular, não dando margens para a interação com outros indivíduos. Em geral, são dotadas de sentimentos apurados voltados sempre para a sua satisfação pessoal, sem com isto, impor freios morais, éticos ou religiosos às suas próprias atitudes. O egocentrismo, ainda se demonstra por um forte sentimento de superioridade, externado em uma forte necessidade de demonstrações de superioridade, nas principais áreas de convivência do indivíduo.

O egocentrismo, do qual se aponta neste estudo, também se revela como proteção da psique, ou uma fortaleza espiritual, na qual o indivíduo se estabelece e de lá procura não arredar pé, por temer perder a sua condição. Neste sentido, a necessidade autoafirmação é fator latente, em praticamente toda e qualquer situação social, quer seja no oikos ou ainda nas áreas de convivência mais amplas.

Certamente o leitor já deve ter observado o indivíduo cuja praxe é constantemente afirmar as suas conquistas, em qualquer lugar e qualquer momento, não importando os outros assuntos ou a real razão inserida naquele determinado momento.

Já a depressão, doença do século XX e XXI e que assola mais de trezentos milhões de indivíduos por todo o globo, e atinge cerca de doze milhões de pessoas no Brasil, é o expurgo das frustrações sofridas em torno das necessidades não realizadas do ego. Sempre quando não se satisfaz o ego, há um choque estrutural tanto nas áreas espirituais como psicológicas, capazes de gerar desequilíbrios substanciais e causadores de fontes poderosas de depressão.

Quando no início deste subtema, fizemos referência à proximidade entre os sentimentos, com especial referência à depressão e o ego, encontramos a realização pessoal como uma vertente para a qual poderão seguir ambos os casos. Uma pessoa cujos projetos, anseios e realizações superaram as suas expectativas, estará sempre sujeita a “sofrer” as consequências do “ego” desorganizado e soberbo, enquanto outra, cujos projetos, anseios e realizações deixaram a desejar, estará facilmente sujeita aos sentimentos de tristeza e depressão.

Apresentamos em seguida um gráfico para demonstrar estas variações em torno de três possibilidades básicas de finalizações projetadas ao longo da vida do indivíduo.



Percebe-se nas linhas internas uma postura de equilíbrio quando os sonhos projetados na área inconsciente do cérebro, isto por volta dos 6 aos 12 anos de idade, realizam-se conforme o esperado. Da mesma forma, encontrar-se-á a depressão nos casos das expectativas realizadas abaixo do esperado, assim como, dar-se-á de encontro com os conflitos do ego nas hipóteses de realizações além do esperado.

Em todos os casos, superando as propostas psicológicas, mesmo inspiradas por grandes pensadores, encontra-se a santa palavra equipada de um texto bastante preciso em relação ao controle da alma quanto as expectativas, quer sejam elas muito bem realizadas ou não.

O texto de Filipenses 4.6 ensina dizendo: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. Ainda de forma muito semelhante, encontraremos o texto insculpido em Mateus 6.25-26 de onde se lê o seguinte: “Portanto eu digo: Não se preocupem com a sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com o seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? 26 Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não tem vocês muito mais valor do que elas?


E para onde olhar em qualquer destes momentos 
O texto em Provérbios 4.25-27 contém profunda sabedoria em relação ao direcionamento do olhar humano quer seja ele físico ou espiritual. Nele encontrar-se-ão passos poderosos para a edificação de uma vida firme em direção a salvação, independentemente da posição onde esteja inserido o indivíduo. Adiante descrevemos estes passos pormenorizadamente, propiciando ao leitor de Palavra e Mensagem a revelação exegética deste conteúdo.


(1)   O olhar sempre para frente
O cristão é desafiado todo tempo a estabelecer uma relação firme com lugares ainda desconhecidos, fatos ainda não acontecidos e tempos ainda não estabelecidos. Deus sem sua infinita sabedoria exige dos homens o ímpeto para ir sempre adiante, baseados em uma promessa confirmação que só ocorre nos últimos segundos, literalmente aos “45 minutos do segundo tempo”. Veja se não foi assim a proposta feita a Abraão em Genesis 12 quando Ele diz: 1. Abraão: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai, e vá para a terra eu lhe mostrarei. 2 Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma benção. 3 Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”. 

O olhar para frente descrito pelo sábio Salomão, inspirado por Deus, está atrelado a uma postura de fé incorruptível, incapaz de ser desviada mesmo antes de confirmadas as promessas. Este, então, é o “olhar” esperado da parte do Pai para com a sua criação a quem fez para agradá-lo e adorá-lo em tudo e em todas as coisas e isto se confirma através do escrito em Hebreus 11.6 de onde se lê: “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam. 

A fé é capaz de gerar resultados espetaculares sobre a vida de quem a usa com eficiência. Ela gera o vínculo entre Deus e a coroa da Criação de forma sublime impedindo os ataques de satanás e fortalecendo o elo com o místico de forma duradoura e preparada para a eternidade. Este vínculo está representado no livro de Rute 1.16 quando ela diz a Noemi: “... Não insistas comigo que te deixe e que não mais de acompanhe. Aonde fores eu irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o seu Deus será o meu Deus”. 

Trazendo à luz a simbologia judaica do texto, Rute está criando um elo com Noemi, mulher e mãe, portanto representando à época, a futura igreja. Este pacto, bem fincando e sem interrupções atrai Boaz o “segundo Adão”, na vida de Rute, e por fim o seu casamento definitivo, confirmando o texto de 1a. Coríntios 15.45 de onde se lê: “Assim está escrito: O primeiro homem, Adão tornou-se um ser vivente, o último Adão, espírito vivificante”. 

Por conclusão, o olhar para frente é o olhar da fé, a qual não se esvai por qualquer motivo, não se deixando contaminar por nada ao longo do percurso. O olhar sempre para frente está vinculado a uma postura de fé inabalável, capaz de dirigir não só os olhos como todo o corpo do indivíduo, fazendo-o caminhar em direção ao invisível, indiferente a qualquer interferência, quer seja ela humana ou espiritual. 

(2)   Manter o olhar fixo no que está adiante
Coisa difícil na atualidade é manter o olhar fixo. Vivemos atualmente um paradoxo onde há excesso de informação e escassez de sabedoria. Pessoas são bombardeadas vinte e quatro horas por dia com bilhões de bytes de informações por meio dos seus aparelhos celulares, computadores tablets e até mesmo aparelhos domésticos, bastando para isto observar a “internet das coisas”, uma das mais novas tecnologias em andamento.

Há um problema duplo entre os cristãos, causador de muitas armadilhas: a falta de capacidade em reconhecer falhas, e a capacidade de exacerbar qualidades. Nisto, encontram-se pessoas de muita fé, porém com pouco foco. Pessoas ávidas por Jesus, por vezes envolvidas em obras ministeriais, porém com pouca determinação. Não conseguem permanecer firmes nos seus ministérios pessoais, nem tampouco nos congregacionais. Não são firmes nas suas decisões e por vezes mesmo, tendo fé, são péssimos exemplos para a sociedade como um todo, haja vista a sua instabilidade ser uma demonstração de fraqueza.

O texto em atos 1.9-11 ao falar sobre a ascensão de Jesus, mostra esta simbologia muito claramente ao escrever o seguinte: “Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. 10 E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, 11 que lhes disseram: Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir¨. 

Definitivamente, não adianta olhar para Jesus se não houver foco. Deus escreveu um projeto para a vida de cada indivíduo e se ele não se cumprir, as próximas gerações serão prejudicadas. É necessário “parar de olhar para cima” e fixar os olhos em Jesus. Ele não está acima ou embaixo, mas em todos os lugares, prova de que necessitamos focar no trabalho, na obra, na santidade e na perseverança tal e qual descreve o texto em Hebreus 12.1-2 – “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, 2 tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.


Veja bem por onde anda 
A palavra sagrada mostra ser possível acreditar no invisível, mas não diz ser possível acreditar no desconhecido. Abraão foi para um lugar desconhecido, mas com a certeza de uma promessa, e o conhecimento do Deus o qual seguia. Neste sentido, este fragmento da sabedoria de Salomão, ao dizer “veja bem por onde anda”, faz referência ao conhecimento de Deus, nos seus mínimos detalhes.

Em um tempo não muito remoto para a humanidade, as pessoas não sabiam ler, e as dotadas desta qualidade não podiam ler! A bíblia era restrita ao sacerdócio e a sua interpretação era dada conforme a vontade destes homens. Atualmente é possível ler a Sagrada Escritura em cerca de vinte versões diferentes em português, sem contar as mais amplas possibilidades de se observar textos originais do aramaico, grego e hebraico, traduzidos “ipsis litteris” ao original, entretanto, pode-se afirmar, nunca se leu tão pouco a respeito do sobrenatural de Deus. Vive-se um tempo de apostasia espiritual e literária sem precedentes na história da igreja, desde a reforma protestante e a impressão em larga escala da Sagrada Escritura em máquinas de imprensa, a partir de Gutemberg.

O “ver por onde anda” sob a luz da exegese simbólica extraída a partir do texto de Salomão, representa a ampla necessidade de conhecer a Palavra Sagrada. Ela traz a iluminação, ela dá a direção, e isto se confirma no Salmo 119.105 quando escreve: A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos, e luz que clareia o meu caminho”. Semelhantemente o apóstolo Paulo, ao falar sobre a armadura necessária para vencer batalhas no âmbito espiritual, apontou, o evangelho como o “calçado” na carta aos Efésios 6.15, demonstrando-o como base para a sustentabilidade em todas as áreas da existência humana e espiritual.

Diante da falta de conhecimento aprofundado, é  possível ter fé e também foco, mas mesmo assim ficar perdido, se não conhecer-se a verdade. Somente através da verdade há liberdade, e somente através da liberdade é possível viver Romanos 12.2 que diz: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 

Curiosamente a palavra “verdade” em hebraico é composta de três letras cujo significado da esquerda para a direita é, boi (força), água (mistura, transporte ou liga) e cruz (sofrimento ou dor). Neste sentido tem-se o significado de verdade em hebraico da seguinte forma: FORÇA que transporta, mistura ou LIGA com a CRUZ ou a porta que é Jesus. Neste sentido, observe o texto em João 10.7 que diz:(...)Digo a verdade, eu sou a porta das ovelhas. 

Vale citar ainda algumas das fortes expressões do evangelho de João, fazendo referência à verdade como forma de ligação com o eterno Deus. 

João 8.14 – E conhecerão a verdade e a verdade os libertará. 
João 17.17 – Santifica-nos na verdade, a tua palavra e verdade.
João 14.6 – (...) Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.
João 16.13 – Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda verdade. Não falará de si mesmo, falará apenas o que ouvir, e anunciará a vocês o que está por vir.
João 3.3 – Em resposta Jesus declarou: “Digo a verdade. Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”.
João 3.5 – Respondeu Jesus: Digo a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito.
João 4.24 – Deus é espirito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
João 1.51 – “E então acrescentou: Digo a verdade: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” 
João 3.21 – “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus”.

Percebe-se a partir de todo o exposto, a necessidade de se obter o conhecimento da Sagrada Escritura, isto para evitar o perecimento pessoal ministerial e de todas as outras áreas psicossomáticas, físicas e espirituais da vida do indivíduo.

Conhecer a Sagrada Escritura é essencial para a vida do cristão. Saber discernir entre uma palavra profética e uma enrolação destas muitas vistas na atualidade é a verdadeira tábua de salvação para muitas famílias assíduas de templos religiosos, mas sem resultados práticos nas mais diversas áreas da sua vida. Aliás, um dos grandes problemas da mensagem atual, é prometer a conquista e o resgate de coisas e situações distantes dos planos de Deus.

Por este exato motivo, há uma promessa neste texto entre as milhares escritas nas Sagradas Escrituras. O texto diz “veja bem por onde anda, e os teus passos estarão seguros”. Toda pessoa iluminada por Deus não teme nem as lutas, nem as provas e nem as tribulações isto porque o conhecimento profundo da mensagem cristocêntrica o leva a um padrão de entendimento interior profundo das suas vicissitudes, dos seus anseios, das suas fortalezas e das suas fraquezas. Da mesma forma, a iluminação por meio da mensagem do evangelho é capaz propiciar uma visão ampla de todo o espectro exterior, quer seja ele no âmbito natural ou espiritual, permitindo uma atuação precisa nas mais diversas situações, assim como uma convivência diferenciada junto ao ambiente no qual se está inserido, isto tudo, livre dos dois conflitos, tema deste estudo em Palavra e Mensagem, o ego exacerbado e a depressão, cujas fontes em geral, surgem em torno de traumas ou surpresas geradas ao longo da vida. Aliás o salmista Davi relata esta situação em um dos seus textos mais conhecidos ao dizer no Salmo 23 – O Senhor é o meu pastor e de nada terei falta. 2 Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas. 3 restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. 4 Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e de morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. 

Por fim, para onde olhar, demonstra-se como um tema de profunda importância para a vida cristã através do texto salomônico, e a sua exegese simbólica revelando excelente metodologia para criar equilíbrio interior e exterior, além de gerar almas potencialmente preparadas para a convivência no mundo exterior e nas das trincheiras operacionais da vida cristã.

Pr. Altamir de Souza
Na visão de multidões.