segunda-feira, 9 de março de 2020

O OLHAR DE FÉ


Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha vida eterna (Jo 3.14-15)

Recém libertos da escravidão no Egito, alguns anos após terem presenciado milagres extraordinários da parte do Senhor, o povo hebreu já não tinha mais o mesmo ânimo.  A caminhada era longa demais e para alguns parecia estarem retornando ao Mar Vermelho, pois nitidamente a vida estava dando voltas. O resultado, não poderia ser outro: Reclamação, murmuração e arrependimento.



Apesar deste texto possuir milhares de anos é bem possível aplicá-lo ao cotidiano de muitas pessoas, envoltas nos mais diversos afazeres do dia a dia. Pessoas que ao longo de suas vidas caminham dando voltas em busca de uma bênção demorada, suada e por vezes, inatingível aos olhos humanos.

Saber esperar não é a característica mais comum às pessoas. A atualidade nos ensinou a viver tudo rapidamente. Nós pedimos e as coisas chegam, nós perguntamos ao computador, ou ao celular e ele responde com uma facilidade quase humilhante. Não arrumamos mais os nossos aparelhos, nós simplesmente os substituímos por outros, mais rápidos, melhores, ou às vezes só mais bonitos mesmo, tornado a espera literalmente fora de moda para a atualidade.

A questão é, como você reage diante de uma benção ainda não cumprida em sua vida? Quais os aspectos emocionais, espirituais e físicos tornam-se relevantes diante de uma situação onde as suas orações petitórias ainda não se cumpriram?

Talvez não seja necessário esperar muito para responder, nem mesmo ter o dom da revelação. Praticamente a totalidade dos casos nesta situação acabam da mesma forma, tal e qual povo de Deus no deserto: Reclamação, murmuração e arrependimento.

Reclama-se com todos, murmura-se contra Deus e o arrependimento fica estampado no rosto de pessoas cuja esperança comportamental era outra bem diferente, afinal, de um jeito ou de outro todas já puderam ver o poder salvífico de Jesus operar na sua vida.

Para dar sequência a este devocional, sugerimos a leitura do texto bíblico a seguir:
Números 21.4-9

A serpente de bronze

Partiram eles do monte Hor pelo caminho do mar Vermelho, para contornarem a terra de Edom. Mas o povo ficou impaciente no caminho 5 e falou contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que vocês nos tiraram do Egito para morrermos no deserto? Não há pão! Não há água! E nós detestamos esta comida miserável!” 6 Então o Senhor enviou serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos morreram 7  O povo foi a Moisés e disse: “Pecamos quando falamos contra o Senhor e contra você. Ore pedindo ao Senhor que tire as serpentes do meio de nós”. E Moisés orou pelo povo. 8 O Senhor disse a Moisés: “Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste, quem for mordido e olhar para ela viverá”. 9 Moisés fez então uma serpente de bronze e a colocou num poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, permanecia vivo.

Conforme observamos em Números 21.4-5 – “...o povo ficou impaciente no caminho, e falou contra Deus e contra Moisés”. O texto nos dá três pontos importantes a serem estudados e os seus resultados.

O povo ficou impaciente no caminho
A impaciência do povo hebreu ocorreu no meio de uma caminhada, demonstrando uma ansiedade exagerada, característica muito comum às pessoas na atualidade. A ansiedade tem sido um problema de grandes proporções, gerando mudanças de plano no meio dos projetos, quando na realidade Deus espera de todos a conclusão dos projetos estabelecidos no coração. Esta mudança reflete uma fraqueza espiritual contrária ao texto de Isaias 41.10 quando diz: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei com a minha mão direita vitoriosa”.

Deus espera de você uma demonstração de força e não de fraqueza. Gloriar-se diante dos enfrentamentos diários é uma maneira de demonstrar ao mundo espiritual um alta capacidade de absorção e retorsão, demonstrando autonomia para vencer obtstáculos e não só isto, mas também, nos gloriamos nas próprias tribulações sabendo que a tribulação produz perseverança (Romanos 5.3), outra característica de grandes proporções para a obtenção de resultados práticos na vida cristã.

O povo falou contra Deus
Momentos de estresse durante a caminhada são uma fonte diversificada de murmurações contra Deus. Pessoas estressadas no desenrolar (ou enrolar...) da sua vida e sem as travas comportamentais bem fortificadas diante de aprendizado, evolução e espiritualidade são useiras e vezeiras em reclamar contra Deus como se este fosse o verdadeiro culpado das suas angústias, dos seus insucessos, e das suas lutas cotidianas. Ora. Para aqueles que foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderás da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública (Hebreus 6.4-6), sendo assim torna-se clara a contraposição ao projeto divino para a vida de qualquer um agindo desta forma.

O povo falou contra Moisés
O texto histórico de Atos dos Apóstolos, capítulo 7 nos ensina algo sobre a preparação de Moisés, não revelado no Tanach (A.T.). O versículo vinte e três informa que ao completar quarenta anos, Moisés decidiu visitar seus irmãos israelitas, evidenciando o período quarentenário de preparação pelo qual passou o escolhido do Senhor até ser usado por Ele. Neste período, Moisés esteve no palácio do faraó, aprendendo sobre todas as matérias e ciências de ponta da época, sendo, portanto, um homem de conhecimento elevado entre os mais altos níveis entre os sábios da época.

Já o versículo trinta informa que passados quarenta anos, apareceu a Moisés um anjo nas labaredas de uma sarça em chamas no deserto, perto do monte Sinai, evidenciando um segundo quarentenário onde ocorreu a chamada de Moisés para o trabalho de conduzir o povo de Deus até a terra de Canaã. Note já se passarem até então oitenta anos.

Por fim, o versículo trinta e seis finaliza a saga dizendo: Ele os tirou de lá, fazendo maravilhas e sinais no Egito, no mar Vermelho e no deserto durante quarenta anos. Ou seja, aqui somam-se mais quarenta anos utilizando de larga experiência para conduzir aquele povo pelo deserto e perfazendo um total de cento e vinte anos de labuta.

E não é que o povo reclamou mesmo assim!? Mesmo diante da experiência e sabedoria dada a Moisés, o povo não deixou de reclamar do seu líder e até mesmo tentar destituí-lo da sua posição.

Talvez você já tenha visto algo semelhante no seu trabalho, na sua casa ou quem sabe no seu ministério não é verdade? Uma pessoa experiente no comando, preparada durante um bom tempo se coloca na brecha para ajudar a conduzir um determinado grupo, entretanto, ao primeiro sinal de dificuldade, as pessoas ao seu redor, levantam-se contra com toda a força, como se este fosse o único responsável por todas as dificuldades.

O resultado
O texto em Números 21.6 diz: “Então o Senhor enviou serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos morreram”. Definitivamente Deus pesou a mão sobre o próprio povo por terem quebrado a aliança de obediência e fé estabelecida por Ele como condição para a chegada na terra da promessa. Muitas pessoas morreram, outros chegaram à beira da morte causando verdadeiro terror sobre todas as famílias do arraial.

Este é o risco da reclamação, murmuração e arrependimento por estar no caminho com o Senhor. Projetos parados no meio do caminho por consequências geradas por você mesmo e não pelos outros. Alias, fator importante para meditação e pouco difundido nos dias de hoje é a necessidade do cristão fazer a sua autoanálise sem abrandar o julgamento porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados, mas quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo (1ª Coríntios 11.31-32), e veja se não exatamente por causa disso, que há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem (1. Coríntios 11.30)?

Mas e agora que o caldo entornou?
Dura tarefa é aplacar a ira do Senhor, e por este motivo devemos declarar: Senhor, não me castigues na tua ira, nem me disciplines no teu furor. Misericórdia Senhor, pois vou desfalecendo! Cura-me, Senhor, pois os meus ossos tremem: todo o meu ser estremece. (Salmo 6.1-2). Entretanto, por vezes o problema já ocorreu, você por algum motivo reclamou, murmurou ou arrependeu-se no meio do caminho, e agora as coisas estão complicadas. Deus não tem ouvido as suas orações, e literalmente o sentimento é de que Ele está de costas para a sua vida e todos os seus à sua volta.

O que fazer neste momento, qual providência tomar para relativizar, eliminar e curar estas feridas espirituais, emocionais e pessoais trazidas em torno de um furor comportamental adverso ao exigido pelas Escrituras?

Naquela ocasião “o povo foi a Moisés e disse: “Pecamos quando falamos contra o Senhor e contra você. Ore pedindo ao Senhor que tire as serpentes do meio de nós”. E Moisés orou pelo povo (Números 21.7)e para a nossa (e talvez a sua) atualidade a realidade não poderia ser outra: A oração focada é o melhor caminho para solucionar esta pendência na sua vida, sacar você desta situação e abrir os portais para a continuidade de uma caminhada de vitórias.

Logo após a oração de Moisés, o Senhor apontou uma solução para o problema, fazendo perceber ao seu povo que nem tudo estava perdido, mesmo diante de atitudes tão soberbas e distantes do ideal, afinal de contas, Deus amava aquele povo, assim como Ele também ama você sua família e todos em torno do seu oikos. Não duvidar deste amor é essencial para destruir as armadilhas impostas pelo inimigo sem, contudo, ser envolvido por elas.

“Eleve” os seus problemas a Deus


Ouvindo a oração “o Senhor disse a Moisés: ‘Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste, quem for mordido e olhar para ela viverá’”. Um texto pequeno, porém repleto de sabedoria para a sua vida. Em poucas palavras Deus estava dando uma ordem ao seu povo para exporem seus pecados, olhando para eles desavergonhadamente. Exatamente por isto, no alto de um poste, é onde estava assentada a serpente dentro desta significância.

Ao olharem para a serpente e contemplarem a forma do seu pecado, Deus também notava a capacidade dos seus filhos de os assumirem e assim curava-os, mediante a sua fé. Veja se esta não é a simbologia dos dias atuais. É preciso, de todas as formas elevar os seus mais profundos sentimentos e pensamentos, destoantes da palavra, ao Senhor dando a Ele condições de lhe ouvir, deliberadamente, e a partir daí, promover a cura de sentimentos, pensamentos e atitudes. Naquela oportunidade Deus mostrou exatamente como atuar naquela situação no deserto, tal e qual anuncia, nos dias atuais, como deve-se fazer para escapar da morte espiritual, e eterna.

A humanidade foi picada por uma serpente chamada satanás e consequentemente, tornou-se envenenada pelo pecado, que tanto desagrada a Deus. Não se pode negar esta situação mesmo estando dentro de um ambiente protegido como a igreja, pois sabemos existir este veneno dentro e fora dela. Porém, sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto e não só isso, mas nós mesmos que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo (Romanos 8.23), afinal de contas não foram apenas os de fora da igreja pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Romanos 3.23).

Jesus Cristo veio ao mundo e anunciou ter sido enviado por Deus para curar a todos os que para ele olhassem com fé, sendo estes justificados gratuitamente pela sua graça por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Definitivamente Deus O ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça (...) (Romanos 3.25). Tal e qual a serpente de bronze no deserto, Ele foi levantado e pregado numa cruz, para os seus filhos não morrerem mais. Crer e aceitar isto é primordial para uma vida de excelência cristã e um padrão salvífico familiar e pessoal.

Você acredita?
É necessário olhar com fé, para Jesus. É necessário, portanto, fitar nEle os seus olhos, demonstrando o arrependimento eficaz e definitivo por todos os erros cometidos ao longo da vida. Se você fizer isto, renunciado a si mesmo e buscando a cura e o perdão em Cristo, certamente terá uma nova vida tanto na terra como nos céus. Não há como escapar da morte, em todos os sentidos, sem um olhar sincero para Jesus, assim como, sem demonstrar claramente os nossos erros e falhas, tendo a plena fé na cura exponencial a partir do Único capaz de propor e cumprir com a vida eterna adiante, e a vida plena na atualidade.

Pr. Altamir de Souza | 2020
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4 comentários:

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  2. Sem fé é impossível agradar a Deus devemos ter fé mesmo nos momentos difíceis da vida! pois só Jesus para nos dar forças para conseguirmos nossa vitória.

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  3. Olá Pastor, graça e paz, fazendo uma busca por um estudo para acrescentar mais meu conhecimento na palavra do Senhor, fui agraciado com seu blog, a partir daí então passei a ser um apreciador de suas mensagens que por sinal são muito edificantes, que o Eterno continue lhe dando inspirações divina e abençoando seu ministério.

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    1. Obrigado! Que o Senhor Jesus o abençoe grandemente. Fico feliz que a mensagem tenha chegado ao seu coração e mais do que isto, esteja sendo útil!

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Olá! Obrigado por ler e compartilhar as mensagens de Palavra & Mensagem. Espaço aberto para conhecer mais da palavra de Deus de forma isonômica e educada. Deus te abençoe